Polêmico e alvo de muita especulação, o chamado “ponto G” – uma controversa zona erógena da vulva que, quando estimulada, poderia conduzir a elevados níveis de excitação sexual – acaba eclipsando outras partes do corpo potencialmente sensíveis ao prazer. Caso do ainda pouco conhecido “ponto U”, região da vulva que merece ganhar mais atenção.  

“Trata-se de uma área muito sensível, que é localizada logo abaixo da uretra e acima do canal vaginal”, descreve a fisioterapeuta e terapeuta sistêmica Rafaela Garcia.  

Em situações em que há excitação e lubrificação, a estimulação do local tende a ser prazerosa devido a uma conexão com o clitóris – único órgão do corpo humano destinado exclusivamente à obtenção de prazer. 

Para compreender o “ponto U”, portanto, é preciso entender melhor a anatomia clitoriana. Parte da vulva, o órgão não se resume à glande, que é aquela pontinha mais visível, possuindo também uma estrutura não visível: os ramos do clitóris (cruris) e os bulbos vestibulares ficam na parte interna da genitália. E são justamente essas terminações nervosas que são indiretamente estimuladas quando a área compreendida no chamado “ponto U” é tocada. 

“Para identificar essa parte do corpo, é preciso investigar e se dedicar ao autoconhecimento. Por isso, é importante que a mulher se toque, se olhe e experimente a autopercepção, experimentando vários tipos de estimulação. Pode fazer movimentos mais rápidos ou lentos, pressionar com mais força ou mais suavemente, observando como seu corpo vai reagir”, aconselha Rafaela. Ela acrescenta que, a partir dessa experimentação, a pessoa terá condições de melhor conduzir suas parcerias para que, no momento do encontro sexual, o prazer seja compartilhado. 

“Mais importante que saber o nome, é saber que essa região existe. E isso só é possível se houver o desejo de explorar o próprio corpo”, ressalta a fisioterapeuta. 

Lubrificação

Por ser uma região sensível, é preciso atenção à lubrificação. Em caso de ressecamento local, o toque pode, ao invés de ser prazeroso, causar dor e desconforto. 

“Temos que estimular com carinho, seja de forma manual, com as mãos ou com brinquedos, desde que adequados, ou oralmente”, diz Rafaela Garcia, citando que, no primeiro caso, a lubrificação natural pode ser suficiente, mas, se não for, é recomendável o uso de lubrificantes íntimos. 

A especialista complementa que existem exercícios que favorecem o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico e do períneo, que promovem o aumento da oxigenação e irrigação sanguínea desses tecidos e podem ajudar na qualidade da lubrificação, contribuindo para a obtenção de prazer. 

Onde começa o prazer 

Crítica da ideia de que o prazer erótico pudesse ser desperto em um e de mágica, após um simples toque – como em um dispositivo tecnológico que é ativado com um clique –, Rafaela Garcia lembra que não apenas os órgãos sexuais, mas todo o corpo é uma grande zona erógena. “Nós possuímos diversos receptores que podem ser explorados”, lembra a professora de ioga e fisioterapeuta. 

Ela salienta, portanto, que o hiperfoco em uma região pode não ser a melhor estratégia para se chegar ao orgasmo. “Além disso, é sempre importante lembrar que o prazer começa na nossa cabeça. Se estamos muito estressadas ou ansiosas, não conseguimos relaxar e aproveitar o momento.

Portanto, é fundamental cuidar do bem-estar. Para isso, são úteis exercícios de respiração e uma vida ativa em atividades físicas e atenta a uma alimentação balanceada”, avalia.