A alta no número de homicídios em Minas Gerais não é mera estatística. São vidas perdidas pelo agravamento da violência e as falhas na segurança pública no território mineiro.
Em um país com cerca de 40 mil homicídios por ano, as forças de segurança parecem não dar conta da demanda, especialmente a polícia judiciária. As polícias investigativas carecem de efetivo (delegados e investigadores), estrutura, tecnologia e capacitação para a elucidação de crimes.
Em consequência dessa desorganização político-istrativo, o crime ganha escala. A falta de resolução dos homicídios dá aos criminosos a convicção de que não serão alcançados pela Justiça. Apenas um a cada três homicídios são esclarecidos no Brasil, conforme estudo do instituto Sou da Paz.
A falta de atenção aos crimes contra a vida é notada também no sistema carcerário. Apenas 10% dos 640 mil presos são condenados por homicídios, enquanto 40% cometeram crimes contra o patrimônio, e 29% são autores de crimes relacionados a drogas.
Fortalecer os núcleos de investigação com sistemas integrados de dados, perícia técnica eficiente, mapeamento de áreas violentas e uso estratégico de tecnologia pode transforma a forma como o Estado combate a violência. A inteligência policial é o caminho mais eficaz para enfrentar o crime de forma preventiva, rompendo o ciclo da impunidade.
Mais que viaturas nas ruas, o que falta é a capacidade de entender as dinâmicas criminais e agir com precisão. Isso exige planejamento de longo prazo, políticas públicas sérias e vontade política. Investir em inteligência policial é valorizar o trabalho dos agentes, garantir respostas rápidas e eficazes. O poder público precisa romper com a lógica do improviso e tratar a segurança pública como prioridade de Estado, e não apenas como bandeira de campanha.
A resposta das instituições aos crimes de homicídio serviria não só para inibir potenciais criminosos, mas para dar a mínima satisfação às famílias das vítimas que tiveram o direito a vida retirado.