“Será que você não percebeu, querida, que Belo Horizonte vai se transformar numa Dubai”. Essa foi a frase que Márcia foi obrigada a ouvir de um funcionário de uma grande imobiliária da cidade interessada em comprar o prédio em que ela mora. Ela respondeu. “Dubai? Por mim, ela vai se transformar numa ‘du bairro’”.
E, pelo menos até agora, Márcia está vencendo a batalha. No último sábado, uma pequena quermesse se deu em frente ao prédio da rua Romano Stochiero – uma singela ruela, na verdade, de apenas um quarteirão, no Santa Efigênia. A festa ganhou o nome de Arraiá do Tombo porque teve o objetivo de chamar a atenção para a luta dos moradores do prediozinho sem nome do número 54 pelo seu tombamento. Uma batalha para que o edifício não tenha a mesma sorte de várias casinhas e até de uma das últimas vilas de BH, que ficava no seu entorno, e foram destruídas para que, em seu lugar, edifícios modernos fossem construídos.
Em meio a barraquinhas com quitutes de festa junina ou não (tinha pastel paulista, por exemplo) e uma banda que tocava forró, as pessoas atenderam ao chamado (inclusive o filho de Romano Stochiero, que dá nome à rua): dançaram, comeram, se divertiram e ainda aderiram a uma causa que deve se alastrar por Belo Horizonte.
A ideia, me conta Márcia, é alastrar “arraiás de tombo” por toda Belo Horizonte, com festas juninas fora de época mesmo, sempre com o intuito de ser uma guerrilha contra a especulação imobiliária.
A Romano Stochiero é, como nos lembra o livro “Iluminuras”, de Júlio Martins e Marco Antonio Mota, “uma das raríssimas ruas dentro da avenida do Contorno que não tem nome de Estado nem de tribo indígena, nem de médico, nem de militar (mas de um proprietário de uma olaria), e corta uma quadra exatamente ao meio no bairro de Santa Efigênia”.
E justamente no prédio de número 54 onde funciona uma residência artística permanente e expositiva dos artistas C.L. Salvaro, Shima e Rafael Perpétuo, responsáveis ainda pelos Padeiros do Amor. E é também onde mora Márcia, há quatro anos, e dona Yoko, há 32. As duas, aliás, adotam juntar gatos de rua. “Por ser um prédio pequeno e antigo, tenho condições de morar aqui, neste bairro”, afirma Márcia, dizendo com isso que, se todos os prédios com as mesma características do seu se transformarem em espigões modernos e chiquérrimos, ela, dona Yoko, Shima, Savaro e Perpétuo serão automaticamente expulsos dalí. “Eu acho que os bairros deveriam ser formados por diversidade, inclusive de pessoas”, reivindica Márcia.
E se o prediozinho número 54 da Romano Stochiero, construído há 40 anos, é sui generis, por estar numa rua de traçado diferente, com nome de batismo que foge dos padrões e por Márcia, dona Yoko e pelos artistas que lá moram, ele se assemelha a várias outras edificações que são chamarizes de grandes empreiteiras e imobiliárias, loucas para transformar Belo Horizonte em Dubai.
Ao mesmo tempo, esse primeiro Arraiá do Tombo, surgido ali na “ruela mais gostosa do curral”, como dizia o convite da festa, pode servir de exemplo para outros vários movimentos no mesmo sentido que podem surgir pela cidade.
“Todas as lutas se cruzam em algum momento” era a frase que dava início ao texto do convite do Arraiá do Tombo no Facebook. E isso diz tudo, né não?
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