O anúncio da saída de Luís Eduardo Falcão do Partido Novo, feito à imprensa nesta quinta-feira (10 de abril), caiu como uma surpresa no diretório estadual da sigla. Presidente eleito da Associação Mineira de Municípios (AMM), o prefeito de Patos de Minas não havia comunicado oficialmente sua desfiliação ao partido antes de revelar a decisão na mídia. Em conversa com O TEMPO, Falcão justificou sua saída como um gesto para assegurar imparcialidade no comando da entidade. “Eu tomei a decisão de me desfiliar do Partido Novo para que eu possa ser totalmente imparcial e trabalhar com todos os prefeitos de todos os partidos”, disse.
Nos bastidores, entretanto, a avaliação é que o rompimento tem menos a ver com a neutralidade que Falcão quer imprimir à sua gestão na AMM, como afirmou publicamente, e mais com feridas abertas durante o processo eleitoral da entidade. O prefeito de Patos de Minas foi eleito presidente da associação na última sexta-feira (4 de abril), com 361 votos, o equivalente a 55,6%, contra 288 do então presidente Marcos Vinicius Bizarro. Fontes próximas relatam que Falcão ficou incomodado com a ausência de apoio do governador Romeu Zema (Novo) durante a disputa e, principalmente, com o encontro do chefe do Executivo estadual com Bizarro, seu adversário na eleição. Na ocasião, Zema chegou a fazer elogios públicos ao ex-prefeito de Coronel Fabriciano, o que teria ampliado o incômodo de Falcão, que esperava outro tipo de posicionamento do partido.
Apesar das queixas veladas, o prefeito nega qualquer rusga direta com o governo de Minas. “É uma escolha do governador e dos secretários do governo. […] E compreendemos que a Associação Mineira de Municípios não tem que ter nenhum tipo de interferência externa. É um assunto de prefeitos”, declarou. Ele reforçou que sua relação com o Executivo estadual permanece positiva: “Acredito que o governo vá ter a maturidade de entender que a Associação Mineira de Municípios, a gente não está tratando de partido político. […] E, da minha parte, vai haver também total responsabilidade quanto a isso”.
Falcão afirmou, ainda, que não tratou diretamente do assunto com a cúpula do Novo antes de anunciar a saída, embora a possibilidade já estivesse posta: “Acredito que tenha ficado clara essa possibilidade, digamos assim”.
O partido Novo, por meio do seu presidente estadual, Christopher Laguna, afirmou a desfiliação de Falcão "não está oficializada no partido". Quem também comentou a saída do prefeito de Patos de Minas do partido foi o vice-governador Mateus Simões: "Falcão é um grande sujeito. Caminhamos juntos quando ele estava fora do Novo em 2020 e foi eleito, isso não foi um impeditivo na época, não será agora, se ele se desfiliar".
Planos para 2026
Questionado por O TEMPO, Falcão afirmou que deve permanecer sem partido por algum tempo e desconversou sobre uma possível candidatura nas eleições de 2026. “O meu foco nesse momento é fazer o melhor trabalho possível em Patos de Minas, que a população acabou de confiar em mim para ser prefeito novamente, e o foco na defesa dos interesses municipalistas”, afirmou.
Nos bastidores, no entanto, aliados apontam que a desfiliação pode ter sido também um movimento estratégico para as eleições gerais de 2026, além do incômodo com a postura do Novo. Interlocutores próximos ao prefeito especulam que ele considera disputar um cargo no Legislativo estadual ou federal.
O problema é que, durante a campanha pela associação, Falcão defendeu que apenas prefeitos em exercício deveriam comandar a entidade, criticando a candidatura de Bizarro por já não estar mais no cargo. Indagado se deixaria a presidência da AMM para disputar outro posto eletivo, Falcão evitou dar uma resposta direta: “Como eu falei, tudo muito incerto, assim, tudo muito distante. […] Eu preciso saber o que o povo de Patos quer”.