O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou nesta segunda-feira (7 de abril) em Montes Claros, região Norte de Minas Gerais, sua terceira visita em 2025 ao Estado, o segundo maior colégio eleitoral do país. Em exatamente um mês, desde 7 de março, Lula esteve nas regiões Sul, metropolitana, Central e Norte de Minas Gerais.
Em Montes Claros, Lula participou do anúncio de investimentos de R$ 6,4 bilhões da empresa dinamarquesa fabricante do Ozempic, Novo Nordisk, na planta que mantém na cidade, onde, atualmente, produz insulina. Os recursos são para expansão da unidade.
As visitas do presidente ao Estado ocorrem no momento em que Lula tenta recuperar popularidade e enquanto são iniciadas as movimentações de possíveis candidatos ao seu cargo nas eleições do ano que vem. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), lançou sua pré-candidatura a presidente na sexta-feira.
Neste domingo (6 de abril), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível, de ato na capital paulista pela anistia dos envolvidos no 8 de janeiro. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), com quem Lula travou embate direto em uma das visitas ao Estado, também esteve no ato.
Já em Montes Claros nesta segunda, Zema não compareceu, além de não ter enviado nem o vice, Mateus Simões (Novo), nem secretários. O representante do governador foi o diretor de investimentos da Invest Minas, uma agência voltada para o desenvolvimento econômico do Estado, Leandro Andrade.
Na última visita do presidente, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, e Ouro Branco, na região Central, o governador compareceu e houve troca de ataques entre ambos. Nas duas cidades, as visitas também eram para anúncio de investimentos, respectivamente da montadora Stellantis e da fabricante de aços Gerdau.
Na cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, Zema disse que seu governo tem 14 secretarias, número que considera baixo, em uma alfinetada aos 38 ministérios do governo federal. Lula retrucou dizendo que o importante é a qualidade dos indicados para as pastas.
Em Ouro Branco, o governador voltou a criticar o governo petista, e Lula respondeu dizendo que Zema, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), deveria mostrar na próxima vez em que discursar, o que seu aliado fez para Minas no período em que governou o país.
Em seguida, ainda que sem respostas do presidente, Zema manteve ataques a Lula em postagens nas redes sociais. Na última na sexta-feira, o governador disse que o a gestão do PT é uma brincadeira de mau gosto. "Ou a gente se vira contra isso, ou eles seguirão rindo da nossa casa".
Em outra, logo depois dos ataques trocados em público com o presidente em Minas, afirmou também que Lula governa "no modo avião". Na primeira visita do ano, à qual Zema não compareceu, o presidente esteve em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Campo do Meio, Sul de Minas.
Hoje, enquanto Lula participava da cerimônia em Montes Claros, Zema voltou a criticar o governo federal, ainda que indiretamente. Desta vez, o assunto foi a dívida de Minas Gerais, cuja renegociação, que envolveu outros Estados, foi homologada pela União em janeiro.
Em publicação nas redes sociais, o governador disse que uma parcela da dívida, de R$ 396,6 milhões já estava na conta do governo federal e que era mais uma parte "da dívida de quase 30 anos que nós mineiros temos que pagar".
IR e investimentos
Sem Zema ao lado desta vez, Lula não tocou no nome do governador e fez discurso falando apenas dos investimentos da Novo Nordisk e do projeto de lei que enviou ao Congresso Nacional para isentar quem ganha até R$ 5.000 por mês do Imposto de Renda.
"Um país é muito fácil de governar se for governado para apenas uma parte da população. Mas se quiser governar para todo mundo, quem ganha mais reclama", afirmou o presidente. Pelo projeto, a contrapartida da isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000 sairá da cobrança maior do imposto de quem ganha mais de R$ 1,2 milhão ao ano.
"O que estamos tentando fazer é um pouco de justiça social. Porque se a gente quiser governar para 213 milhões de pessoas (a população brasileira atualmente) você não pode se conformar com aqueles que não tiveram oportunidade", disse. Lula voltou a falar sobre a necessidade da distribuição de renda no país. "Muito dinheiro nas mãos de poucos significa miséria, gente na rua. Agora, pouco dinheiro nas mãos de muitos, significa desenvolvimento, crescimento econômico e distribuição de renda.
Investimentos
Sobre os investimentos da Novo Nordisk, o presidente afirmou que esse tipo de aporte é o que o governo deseja. "Alegria de poder participar de um acontecimento tão importante e tão necessário para o país que é o fortalecimento de uma empresa, o investimento em mais conhecimento científico e tecnológico, investimento na formação das pessoas e na geração de empregos. É tudo isso que a gente deseja que aconteça no Brasil", discursou.
Os recursos investidos pela empresa dinamarquesa na planta de Montes Claros serão para aumento da produção de medicamentos para pessoas com diabetes, obesidade e outras doenças crônicas graves. Serão construídos um laboratório de controle de qualidade e um almoraxifado, além do aumento da linha de produção.